Thursday 21 August 2014














Longueira é uma povoação de uma rua só. Numa ponta tem uma torre de água, na outra tem dois moinhos. Entre estes dois (talvez três) marcos, há uma ruela com pequenas casas alentejanas bem caiadas, com os toques de azul mediterrâneo a que estamos todos habituados. Tem dois restaurantes, três cafés e (já na periferia) uma pequena esplanada.

O café dos moinhos, um dos tais, é uma espécie de 3-em-1: tem uma marquise gigante a fazer de esplanada coberta e uma tabacaria a vender revistas de mais tons de cor-de-rosa do que eu sabia que existiam. Entrei no café não devia passar muito das 5 e fui para a marquise. Estava quase vazia: sentei-me junto à única mesa ocupada, onde um homem de meia idade discutia com a namorada brasileira. O filho que era só dela estava a um chocolate da obesidade e tentava manter-se ocupado com uns brinquedos partidos. Ía levando 'tá quietos' e galhetes de um lado e do outro.

O homem já estava bem bebido. A senhora era loira, uma boa década e meia mais nova que ele, falava com um sotaque já aportuguesado, e não estava nada contente.

-Tu deste o cão que eu queria à tua mulher, não esqueço isso. Fizeste uma falcatrua e a vadia da mulher até veio falar comigo e depois tu andaste aí a inventar e quem acabou com o cão foi aquela filha da puta.

- Mas eu já morri, por acaso? Eu dou-te um cão. Eu ainda te dou um cão. - Ela encolheu os ombros enquanto ele pensava trago-a para estes sítios...




-Ah, mas eu já nem quero um cão. Eu agora quero é um gato. Mas o gato que eu quero custa uns mil euros, que eu quero um gato de raça em condições. Nem que eu tenha de trabalhar até morrer. Mas é que esse gato é lindo de mais; é grande como esta mesa. De pé fica maior que a gente. Eu vi na internet, não é raçado com Linx nem nada, é como Pitbull, feito por inseminação.






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