Monday 13 October 2014

Não percebo nada do que leio. Não é só os milhares de palavras que desconheço: não vejo o valor numa frase bem escrita, não percebo porque é que não parece acontecer nada em livro nenhum. Páginas e páginas de frases às cambalhotas com palavras pomposas e polisilábicas e nenhuma me diz nada.

Sinto-me inútil, inculto, ignorante. Ler destes grandes escritores portugueses é como estar a ouvir um grande doutor a palestrar. Até nisto nós somos dados a ares de superioridades e hierarquias. Quando lemos os outros, eles deixam-nos apreciar o calor do génio, abraçam-nos com talento, sentimo-nos melhor na companhia deles. Mas com os nossos clássicos caseiros, ouve-se o gigante a gritar do alto duma secretária empoeirada: eu sou melhor do que tu. Roi-te. Tu nunca vais valer uma virgula minha.

-Trate-me por você (que eu já vou na segunda edição).

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