Monday 6 October 2014

Os meus pais fazem uma coisa sempre que estão a contar qualquer episódio ou aventura: começam por contar duas estórias practicamente diferentes. Os preâmbulos, as primeiras frases, as introduções são cortadas e recortadas, interrompidas com milhares de correções: não foi assim, não é nada disso, que exagero, deixa-me contar, depois falas tu.

Vão ganhando lanço, vão se corrigindo menos, e falando mais. A certo ponto já estão a completar as frases um do outro ou a deixar espaços para que o outro fale, entram e saiem da narração com uma graça coreografada. É como se as duas estórias fossem convergindo aos poucos até confluirem numa só que é mais profunda, mais forte, e muito mais interessante.

O amor é uma estória bem contada.


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