Monday 27 June 2016


Vocês sabem como eu me vendo: eu não me canso, não me queixo, não durmo, não penso, não choro. Se calhar não compram este peixe todo. Mas jogamos aquele jogo em que vocês quando desconfiam não dizem nada, porque o espetáculo depende de que não esteja ninguém a espreitar por trás do palco.

(Agradeço já essa delicadeza, pessoas.)

Hoje vamos jogar um jogo diferente: eu vou mostrar tudo o que tenho nas mangas, mas tu tens de prometer que amanhã ou já te esqueceste, ou vais fazer de conta. E não contas a ninguém que queira comprar bilhetes para a próxima sessão.

Foi um ano duro. Acho que não me queixei muito, não dormi nada, mas cansei-me qb., pensei demasiado, chorei às vezes (p'raí uma, vá). Atirei cadeiras à parede. Provei o fundo de mais garrafas do que devia.

No meio disto tudo, não tive muito tempo para mim - e não tive tempo nenhum para vários de vocês. Houve menos jantares, conversas, skypadas do que devia ter havido. Falhei três, talvez quatro aniversários de que não me vou desculpar (nem, se calhar, ser desculpado). Deixei amigos à deriva no Porto, em Lisboa e um pouco por todo mundo.

Isto não foi só idade (que me apanhou com força, como eu suspeitava, assim que parei de fugir dela), nem só trabalho. Também foi um pouco feitio.

Enfim. Hoje saio de um fim de semana daqueles: ainda não estou à tona, mas já vejo o sol a brilhar do lado de dentro das ondas. A água à minha volta já é todo um outro tom de azul. Parece-me que estou a chegar à tona.

E se lá chegar, prometo que arranjo mais tempo para vocês - se me deixarem também deixar um pouco mais tempo para mim. Talvez até dê, entre uma coisa e a outra, para dar algum tempo para ressuscitar este blog.

Talvez, só, que já chega de promessas!

-Coming Up For Air

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